Reportagem do evento disponível
2º Fórum Lusófono da Governação da Internet
Nos dias 11 e 12 de setembro decorreu o 2º Fórum de Governação da Internet da Comunidade Lusófona, no Hotel Vulcão (Cidade Velha) e no Hotel Praia Mar (Cidade da Praia) em Cabo Verde. Tendo dialogado e debatido sobre as múltiplas interações da língua portuguesa nos desenvolvimentos, usos e governação da Internet, este ano especificamente dedicando grande tempo a refletir sobre os impactos, desafios para a diversidade linguística e cultural da lusofonia.
Carta di Praia
Leia o documento aprovado pelos participantes do 2º Fórum Lusófono da Governança da Internet com os princípios para continuidade da iniciativa anual desses encontros. O próximo Fórum, em 2025, será realizado em Moçambique.
REPORTAGEM
PROGRAMA
11 de setembro
Bloco 1- inteligência artificial e língua portuguesa
- Olavo Avelino Garcia Correia (vice primeiro-ministro Cabo Verde)
- Leonilde Santos (ARME – Cabo Verde)
- Lourino Chemane (INTIC – Moçambique)
- Luisa Ribeiro Lopes (.PT – Portugal)
- Rafael Evangelista (CGI.br – Brasil)
Este painel tem como objetivo discutir as oportunidades e desafios da representação da língua portuguesa nos modelos de IA a partir de três principais perguntas norteadoras. A pergunta “por que?” busca dialogar sobre a importância da presença de nossa língua na IA. A pergunta “o que?” dialoga sobre o que precisa ser feito para aumentar a representatividade da língua portuguesa nos modelos, como a criação e compartilhamento de conjuntos de dados em português e o desenvolvimento de modelos de linguagem específicos. A terceira pergunta, “como?”, propõe uma reflexão sobre as políticas e iniciativas necessárias para implementar essas estratégias, visando garantir que a língua portuguesa esteja bem representada no avanço da IA, promovendo a inclusão digital e a preservação da diversidade linguística. Além disso, a discussão buscará evidenciar a importância de equipes multidisciplinares e de processos de revisão humana e especializada sobre os resultados desses modelos, considerando o multilinguismo dos países lusófonos e suas realidades sociais.
MODERAÇÃO: Lourino Chemane (INTIC – Moçambique)
CO-MODERAÇÃO: Rafael Evangelista (CGI.br – Brasil)
- Arlinda Peixoto (Pagali – Cabo Verde)
- Diogo Cortiz (NIC.br – Brasil)
- Leida Correia e Silva (Cabo Verde)
- Manuel da Costa Cabral (ANACOM – Portugal)
- Tiago Timponi Torrent (UFJF – Brasil)
Este painel tem como objetivo examinar questões de ética e vieses na IA, focando na diversidade linguística e cultural da lusofonia. Abordaremos como os sistemas de IA podem perpetuar preconceitos culturais e linguísticos nas variantes do português, considerando aspectos de comunidades e populações vulnerabilizadas nos países lusófonos. O objetivo do painel é debater sobre um desenvolvimento de IA que represente a diversidade da lusofonia. A discussão também propõe uma análise sobre como as línguas e culturas dominantes presentes nos modelos comerciais podem influenciar um efeito de achatamento cultural na comunidade lusófona. Nesse sentido, o painel cumpre papel fundamental em problematizar aspectos de impactos socioculturais no desenvolvimento e implementação de sistemas de IA. Somado a isso, esse debate expande-se para caminhos e estratégias diante dos riscos e impactos discriminatórios advindos de modelos hegemônicos de desenvolvimento tecnológico.
MODERAÇÃO: Ana Cristina Neves (FCT- Portugal)
CO-MODERAÇÃO: Carine Monteiro (ARME – Cabo Verde)
- António Branco (Universidade de Lisboa – Portugal)
- Cláudia Mendes da Silva (Women in Tech PT – Portugal)
- João Laurentino Costa Pinho Neves (IILP)
- Pedro Matos (Universidade de Santiago – Cabo Verde)
- Rodolfo Avelino (CGI.br – Brasil)
- Sandra Ávila (Unicamp – Brasil)
Este painel tem como objetivo explorar os impactos da IA nas sociedades dos países lusófonos. Essa discussão envolve debates sobre as transformações no mercado de trabalho, na área da educação, na área de direitos autorais e propriedade intelectual, na produção e criação de conteúdos, buscando identificar mudanças nos campos profissionais e habilidades demandadas pela IA. Engloba também questões como as oportunidades de negócios emergentes e o potencial para inovação em diversos setores, bem como o papel da IA no avanço científico e tecnológico, destacando áreas promissoras para pesquisa e desenvolvimento. O painel promove uma reflexão sobre estratégias para que os países lusófonos possam dispor e desenvolver benefícios por meio da IA incentivando o desenvolvimento econômico e social inclusivo. Ademais, o painel buscará evidenciar questões regulatórias e discussões sobre como o desenvolvimento e uso da IA deve seguir princípios e parâmetros éticos, pautados para a não discriminação e para impedir o agravamento de desigualdades sociais e disparidades no acesso ao conhecimento no contexto dos países lusófonos.
MODERAÇÃO: Ramon Costa (NIC.br – Brasil)
- Ana Paula Laborinho (OEI – Portugal)
- Celestino Barros (Universidade de Cabo Verde – Cabo Verde)
- Gilvan Muller Oliveira (Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo (UCLPM/UFSC – Brasil)
- Henrique Faulhaber (CGI.br – Brasil)
- Lourino Chemane (INTIC – Moçambique)
12 de setembro: manhã
Bloco 2- inclusão digital, sustentabilidade e tecnologias emergentes
Apesar dos avanços para a ampliação do acesso à Internet no mundo todo, as brechas digitais persistem, e contemplam não apenas questões relativas à conectividade universal – acesso para todos – mas também uso de qualidade – a chamada conectividade significativa – para uma experiência segura, satisfatória e a um custo acessível, considerando o multilinguismo para a viabilidade de acesso, disposição e difusão de conteúdos na Internet. Em especial, as áreas periféricas, rurais e remotas enfrentam barreiras específicas para a conectividade em termos de infraestrutura e da viabilidade econômica, uma vez que, globalmente, 50% das populações rurais são usuárias de Internet, em comparação a 80% em áreas urbanas (União Internacional de Telecomunicações, 2023). Além disso, marcadores sociais como gênero, classe, raça e etnia também devem ser observados no enfrentamento das desigualdades digitais, pois são justamente as mulheres racializadas de classes mais baixas que vivem em zonas rurais que apresentam maiores índices de exclusão. Neste contexto, este painel tem como objetivo debater os diferentes desafios enfrentados pelos países lusófonos para a redução da brecha digital, bem como explorar as estratégias e iniciativas adotadas para a inclusão de áreas rurais e comunidades menos favorecidas.
MODERAÇÃO: Marta Dias (.PT – Portugal)
CO-MODERAÇÃO: Mozart Tenório (CGI.br – Brasil)
- João da Luz Ramos (Ministério da Economia Digital – Cabo Verde)
- Leonilde Santos (ARME – Cabo Verde)
- Lucilene Gomes (Universidade de Santiago – Cabo Verde)
- Luisa Ribeiro Lopes (.PT – Portugal)
- Sandra Maximiano (ANACOM – Portugal)
- Osvaldo Cossa (INCM – Moçambique)
A crescente disseminação de tecnologias emergentes como IA, 5G e Internet das coisas (IoT) nos países lusófonos e sua adoção em diferentes setores da sociedade oferecem potencial de desenvolvimento para áreas como saúde, educação e agricultura. Tais usos, no entanto, implicam também impactos econômicos, ambientais e sociais que ainda não são plenamente compreendidos. Se, por um lado, podem contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por outro, sabe-se que o desenvolvimento e uso dessas tecnologias implicam um crescimento drástico no consumo de energia devido ao aumento exponencial de demandas pelas próprias tecnologias emergentes. Este painel tem como objetivo debater o uso das tecnologias emergentes nos países lusófonos à luz dos impactos positivos e negativos para o meio ambiente, e estimular reflexões sobre estratégias e iniciativas que promovam seu uso sustentável.
MODERAÇÃO: Luisa Ribeiro Lopes (.PT – Portugal)
CO-MODERAÇÃO: Ana Lima (ARME – Cabo Verde)
- Bianca Kremer (CGI.br – Brasil)
- Bas’ilele Malomalo (UNILAB – Brasil)
- Filinto Omar (Guiné-Biossau)
- Cláudia Mendes da Silva (Women in Tech PT – Portugal)
12 de setembro: tarde
Bloco 3- ecossistema global da governação da Internet nos países lusófonos
A área de governação da Internet tem passado por profundas transformações institucionais a nível internacional, local e regional, impondo desafios e novas demandas para a cooperação entre países lusófonos. Considerando a ampla diversidade econômica, política, social e cultural da comunidade lusófona, como é possível aproximar os países no que tange às temáticas de governação da Internet e do multissetorialismo? Quais são seus interesses comuns e como podem ser articulados? Como melhor preparar os países da lusofonia a participarem dos processos como o Global Digital Compact, o Netmundial+10, a Cúpula do Futuro e a WSIS +20? Este painel tem como objetivo fomentar a discussão de estratégias que promovam integração, cooperação, diálogo contínuo e troca de experiências da comunidade lusófona para fortalecer suas representações e o multilinguismo nos diferentes fóruns de governação da Internet, sejam locais, regionais ou internacionais.
MODERAÇÃO: Andreia Brito (.PT – Portugal)
CO-MODERAÇÃO: João Tomar (ARME – Cabo Verde)
- Ana Cristina Neves (FCT- Portugal)
- Andrea Becalli (ICANN)
- Eugénio Alberto Macumbe (INTIC – Moçambique)
- Everton T. Rodrigues (NIC.br – Brasil)
- Milton Cabral (Cabo Verde Digital – Cabo Verde)
O painel abordará caminhos possíveis e experiências já existentes com o objetivo de debater sobre as iniciativas formativas de e para falantes de português para, de modo inclusivo e diverso, promover qualificação e participação nos espaços da governação da Internet. Analisaremos experiências práticas como escolas de governação da Internet, fellowships e programas para jovens, além de debater sobre limites existentes e novas possibilidades, com foco no cenário lusófono, como a criação de uma escola lusófona de governação da Internet que congregue os países da lusofonia.
MODERAÇÃO: Erick Sotelo (ARME – Cabo Verde)
- Darlyn Estrela (Cabo Verde Digital – Cabo Verde)
- Laura Pereira (Brasil)
- Luiza Mesquita (NIC.br – Brasil)
- Rutte Cardoso Andrade (UNILAB – Brasil)
- Sérgio Cossa (Moçambique)
- Lourenço Lopes – Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro de Cabo Verde
- João Tomar (ARME)
- Marta Dias (.PT – Portugal)
- Sandra Maximiano (ANACOM – Portugal)
- Ana Cristina Neves (FCT- Portugal)
- Lourino Chemane (INTIC – Moçambique)
- Rafael Evangelista (CGI.br – Brasil)